A taxa de mortalidade por câncer entre mulheres nas capitais brasileiras caiu 10,5% no período entre 1980 e 2004, aponta pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) publicada na revista da Associação Médica Brasileira. Entre os homens, a redução foi de 4,6%, ao longo dos 25 anos estudados. É uma das mais longas séries históricas sobre mortalidade por câncer com dados nacionais, e não regionais.
Em 1980, morriam por causa de câncer 105 mulheres a cada 100 mil habitantes. Em 2004, a taxa havia caído para 94 por 100 mil. Entre os homens, essa queda foi mais discreta - de 147,4 para 140,6 por 100 mil.
O que mais contribuiu para essa redução foi a queda da mortalidade do câncer de estômago, afirma o médico Luiz Augusto Marcondes Fonseca, pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva, que divide a autoria do trabalho com dois especialistas, os professores José Eluf-Neto e Victor Wunsch Filho.
'Possivelmente está diminuindo a incidência (de câncer de estômago) e isso ocorre em boa parte do mundo. Câncer é doença de longa produção, então o que se pensa é que a qualidade da comida está melhorando. Para preservar os alimentos, não se usa mais salgar ou defumar, que produzem substâncias carcinogênicas, por que se tem a geladeira',afirma o especialista.
A mortalidade de homens e mulheres por causa dessa doença foi cortada pela metade: a masculina caiu de 25 por 100 mil para 13 por 100 mil, e a feminina, de 12 por 100 mil para 6 por 100 mil habitantes.
Por outro lado, houve um aumento pequeno na taxa de mortalidade de mulheres por câncer de colo de útero e pulmão. Nos homens, subiu a mortalidade por câncer de próstata (mais informações nesta página). 'É correta a estratégia do Ministério da Saúde de focar campanhas que tratem da saúde do homem. Historicamente, sempre se teve programa de saúde infantil, materno-infantil, saúde da mulher. E o homem é quem menos se cuida', diz Fonseca.
Método. Os pesquisadores buscaram os dados brutos sobre óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Fizeram os cruzamentos das mortes por diversos tipos de câncer e isolaram a influência que o envelhecimento tem sobre elas.
'Se eu retirar a influência do envelhecimento na população, eu posso analisar se a incidência aumentou, se o número de casos se manteve ou se subiu. E posso especular sobre as possíveis causas do que ocorreu', explica o médico.

Má notícia para os homens
18 mortes em cada 100 mil habitantes nas capitais brasileiras é a taxa de
mortalidade por câncer de próstata registrada em 2004
12 mortes em cada 100 mil era essa mesma taxa em 1980