Apesar dos diferentes detalhes que se encontra sobre esta história, a mais fiel conta que François Vatel, nasceu em 1631 e, aos 22 anos, foi trabalhar como auxiliar de cozinheiro do ministro de finanças da época, Nicolas Fouquet (aquele que muitos dizem ter sido o “homem da máscara de ferro”, que inclusive rendeu um filme, em 1998).
Depois de se exilar na Inglaterra, retornou à França para trabalhar no Chateau de Chantilly, na cidade de Chantilly, no norte de Paris. Vatel era empregado do marechal Condé, que andava bolando um plano para impressionar o rei e poder participar de uma guerra contra a Holanda.
Num dia de abril de 1671, o chef concordou em coordenar a festa que duraria três dias para 2 mil pessoas. Foi um trabalho para poucos: passou doze noites sem dormir, criou modelos de esculturas de gelo gigantes, organizou peças de teatro mirabolantes, decidiu em que ordem os fogos de artifício deveriam estourar no ar, além de desenhar todo o cardápio e inspecionar cada um dos pratos.
No primeiro dia da festa, Vatel percebeu que não havia mais ovos para bater claras em neve quando os convidados já estavam sentados à mesa. Apressado, Vatel jogou creme de leite numa tigela com açúcar e bateu sem parar, intuindo que dali sairia algo de bom. A nata foi endurecendo e, para surpresa de todos, ele serviu pela primeira vez na história o creme, que foi batizado de chantilly.
Mas a história dessa festa não termina com final feliz, ao menos para Vatel. Antecipando que duas carroças de peixe não chegariam a tempo para o último banquete, imaginou que aquilo arruinaria sua carreira. Correu então para seu quarto, firmou uma espada contra o próprio corpo e se matou. As carroças de peixe chegaram um momento depois, mas Vatel já estava sem vida.
A tragédia do mestre de cozinha que morreu por falta de peixe é um dos episódios mais famosos da gastronomia. Rendeu até filme (Vatel – Um Banquete para o Rei, em que Gérard Depardieu interpreta uma versão romanceada do cozinheiro).
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